A ideação suicida é comum na idade escolar e na adolescência; as tentativas, porém, são raras em crianças pequenas. Tentativas de suicídio consumado aumentam com a idade, tornando-se comuns durante a adolescência. Até os 6 a 7 anos a criança encontra-se na fase do pensamento pré-lógico, com predomínio do pensamento mágico, com dificuldade de simbolizar e conceituar o que lhe chega sob forma de percepção. Aos 11 a 12 anos, há passagem do pensamento concreto para o pensamento abstrato, Estágio das Operações Formais. O jovem entra no mundo através de profundas alterações no seu corpo, deixando para trás a infância e é lançado num mundo desconhecido de novas relações com os pais, com o grupo de iguais e com o mundo.
Segundo o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria, “falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão” que pensamentos suicidas costumam trazer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% dos suicídios que acontecem no mundo podem ser prevenidos com uma rede de apoio em torno da vítima. A organização considera o suicídio como uma prioridade de saúde pública, já que é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. A OMS cita seis medidas que podem ser tomadas para diminuir os casos, entre elas: redução de acesso aos meios utilizados para cometer suicídio (pesticidas, armas de fogo e determinadas medicações, por exemplo), introdução de políticas para reduzir o uso nocivo do álcool e formação de trabalhadores não especializados em avaliação e gerenciamento de comportamentos suicidas.
Fatores de risco:
1 – Desesperança.
2 – Menor potencial para geração de soluções alternativas para situações problemáticas interpessoais e menor flexibilidade para enfrentar situações problemáticas.
3 – Estilo de atribuição disfuncional (considerar eventos negativos como de sua responsabilidade, duradouros ou de impacto sobre todos os aspectos de sua vida) – frequente associação com quadros depressivos de longa evolução.
4 – Impulsividade, Violência Física e Sexual. Fatores Socioculturais: sucesso escolar (cobrança dos pais), mudanças sociais abruptas, acesso fácil a armas de fogo.
Abordagem e condução :
- Todas as ameaças de suicídio devem ser encaradas com seriedade, mesmo quando possam parecer falsas ou manipulativas.
- Ajudar o cliente a avaliar a situação, permitindo que ele descubra novas soluções para seu sofrimento, explorar com ele tais soluções e orientá-lo em direção a uma ação concreta.
- Procurar compreender as razões pela qual a criança ou adolescente optou pelo suicídio como forma de lidar com seu sofrimento, não minimizando seus problemas e sofrimento.
- Transmitir esperança sem dar falsas garantias e não fazer promessas que não possam ser cumpridas.
- Romper o isolamento em que vive o jovem e abordá-lo diretamente.
- Expressar disponibilidade de escutá-lo sem julgamento, evitar insultos, culpabilização ou repreensões morais.
- Reconhecer a legitimidade do problema e tratá-lo como adulto.
- Avaliar a urgência do caso, verificar se as ideias de suicídio são frequentes e se o jovem apresenta meios para executá-lo.
- Não deixar o cliente sozinho até que as providências sejam tomadas..
- Desmentir o mito de que os adultos não podem mais ajudá-lo.
- Envolver a família.
Por Camila Lofrano CRP: 06/148755