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Dor Crônica

 


O que é dor crônica?

A dor é uma experiência sensorial que contém também aspectos emocionais, cognitivos e interpessoais. Há uma integração profunda entre os processos corpóreos e psicológicos na produção da dor crônica, que é aquela que persiste ou recorre por maior que  três meses, persiste por mais de um  mês após a resolução de uma lesão tecidual aguda ou acompanha uma lesão que não se cura. As causas incluem doenças crônicas (p. ex., câncer, artrite, diabetes), lesões (p. ex., hérnia de disco, ligamento rompido) e várias doenças primárias (p. ex., dor neuropática, fibromialgia, cefaleia crônica).

Causas relacionadas:

O  estresse psicossocial pode estar envolvido na gênese da dor crônica : Relacionamentos tensos e conflituosos podem desencadear as cascatas neuro-hormonais do estresse. Em resposta ao trauma psicológico repetido e  conflitos não resolvidos no dia a dia, o corpo pode vir a liberar substâncias que agridem os próprios tecidos, tais como as citocinas, que promovem a quebra de proteínas para liberar a glicose que o corpo necessita frente às exigências sistêmicas da resposta de estresse.  Além disso, quando a resposta de estresse se torna crônica, a cascata fisiológica do estresse inibe a atividade imune, deixando os tecidos vulneráveis. A própria dor também causa estresse, que coloca em ação as mesmas cascatas, gerando assim um espiral de dor e estresse.

Sintomas:

A dor crônica provoca, com frequência, sinais vegetativos (p. ex., cansaço, distúrbio de sono, diminuição do apetite, perda do paladar por comida, perda ponderal, diminuição da libido, constipação intestinal), que se desenvolvem gradualmente. A dor constante e persistente limita pode causar depressão e ansiedade e interferir em quase todas as atividades. Os pacientes podem se tornar inativos, socialmente afastados e preocupados com a saúde física. O prejuízo psicológico e social pode ser grave, causando ausência de função na prática.

Abordagem no tratamento :

Os médicos e profissionais da saúde  avaliam minuciosamente o indivíduo para identificar a causa da dor e seu efeito na vida diária. Se nenhuma causa for identificada,  a abordagem  se concentra no alívio da dor e ajudam o indivíduo a sentir-se melhor. Identificar sintomas de depressão , ansiedade , avaliar a qualidade do sono são essenciais para a melhor condução do tratamento .

Tratamento:

  • Medicamentos para alívio da dor
  • Métodos físicos , tais como fisioterapia ou terapia ocupacional, acupuntura , massagens , estimulação elétrica transcutânea dos nervos  (TENS)
  • Psicoterapia e terapia comportamental

Papel do tratamento psicológico na dor crônica:

O entendimento da interação entre fisiologia e sofrimento subjetivo mostra como pode ser enganosa a distinção entre dor com causas físicas e dor com causas subjetivas. A frase clássica : Sua dor é psicológica (imaginária), quando não se identifica nenhuma causa à dor , mostra muitas vezes o desconhecimento desta  interação.A dicotomia artificial entre dor de origem física e de origem emocional desqualifica a vivência real do paciente, atribuindo a dor dele a um distúrbio mental. Além disso, desconsidera a compreensão que construímos acerca dos processos de estresse e dor (Vandenberghe & Ferro, 2005; Ferro & Vandenberghe, 2010).

É justamente o entrelaçamento da emoção, da cognição e das dinâmicas interpessoais com os processos corpóreos que explicam o porquê de abordar variáveis psicológicas da dor crônica na clínica. A complexidade desse entrelaçamento se reflete no campo dos tratamentos psicológicos. Se a dor está intimamente relacionada às dimensões emocional, cognitiva e interpessoal, faz sentido que o tratamento psicológico possa agir por cada uma dessas. Certos tratamentos focam especificamente na emoção, outros na cognição, outros na interação com o ambiente e ainda outros na aceitação.

 

Por Camila Lofrano CRP: 06/148755